Sem tempo para as manchetes



Urubus, espreitando as minúcias do cotidiano
ávidos pela queda de um sorvete infantil
pois que tudo é midiático. O jornalista, especializado
em carniceria e novidades rotineiras, um azedume ambulante,
olhos, bem mais que dois, a fitar a velocidade do momento,
a lágrima que cai, a morte que ali pousa, o rico que come o novo lanche
de um restaurante até ontem meia boca,
os jornalistas a inventar as novas e novas notícias,
sem que se descreva as causas: pairam e param no que chamam de "fato",
uma visão distorcida de qualquer coisa que se mova
garimpada como verdade, se bem aceita. Outra notícia para fazer aceitar.

Urubus.
O jogo de basquete nem acaba
caem aos ombros dos jogadores
"justifiquem sua derrota! demonstre seu descontentamento, fale, fale, fale!"
a morte tampouco teve tempo de pensar
caem aos ombros dos familiares
"a morte veio lhe visitar. O que acha disso?"

E assim segue a indústria do faz de conta que
sem dar a mínima para as causas e consequências de sua própria existência,
recria narrações, se reinventa com mais do que ontem, criando assim
o nosso amanhã. "Nosso".

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