o despertar do povo
Era uma noite bela. O império havia sido derrubado e novas formas tomavam o poder. A poesia não era mais vista como um produto a ser consumido pelos ventos da produtividade. Havia rima e canto. A poesia não era do autor ou da autora. Era deles e delas, todos e todas. Os versos eram prosa compartilhada.
Havia acabado o monopólio da propriedade privada. Gozavam em comum, os comuns.
E foi ali, pela primeira vez, que a pequenina criança sentiu que a humanidade, finalmente, havia deixado de lado a desesperança. E sorria um riso nunca antes imaginado em tempos de paz. Pois não era paz. Era sossego demais para poucos, trabalho demais para outros. Agora, naquele momento, seria diferente. Seria tempo de amor. Se preciso, amor com sangue, guilhotina e cabeças rolando na escadaria do palácio.
Mas, amor. Pelo simples, ordinário e trivial.
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