a mordida

 
e quem é você? e significa algo? e estamos felizes? e precisamos estar?
ontem ao teu lado, entre palavras e muitas mordidas, não me contive
nas paredes do nosso espaço-tempo, me deixei levar pelo teu carisma
pelo teu riso e por essa tua boca que é livre, que determina o que bem quiser,
me deixei ferir, pedi pelo teu cálice, na tua intensidade deformada, e bebi
e comi, mesmo sabendo que pra ti em nada isso significa (qualquer verso que seja);
e estar contigo me basta? o que não basta?
 
vulgar teus passos e teu olhar pela manhã, nessa manhã que sempre insiste,
enquanto ainda estamos no nosso ontem; ah, o tempo! o desprazer do tempo
o tempo todo.
você gozou? você sentiu? mas vamos falar do teu ex enquanto
não negamos nada um ao outro?
 
qual é?
 
e acordar, sóbrio ou quase isso, com teu rosto por perto, sabe?
e você entende? contraponto, vidros no chão, e por fim o vinho,
expectativas e ilusões de que o que sinto é o que nomeiam amor
(e tu ria, e sem nem pensar, mordia, de doer, "amor? a mordida que vou te dar").
 
Mas não amor. Por verbo paralisado. Amor sem forma, no teu contorno.
Ainda no ontem, tu dizia cada maluquice, e eu apenas queria estar ao teu lado,
e dentro, e no teu ritmo. E foi um conforto? Ou o mais fácil? Estarei ali, tu sabes,
por isso me usa. Nos usamos. Com muito prazer. E ignorância.
 
"me entrego, faça o que tu queres", o som ao ouvido e o olhar


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