Em todas as estações de rádio
Ao tom de deboche, as manhãs transfiguram os rostos,
as faces domadas dessa sua população.
A que te parece tamanha satisfação daquele sujeito?
Estranho sorriso a lhe usurpar a melancolia.
Pois, vem, lentamente, a senhora tarde, tempestuosa em seus versos.
Esfrega-lhe os dentes e semblantes, chuta a todos, bofeteia,
dá-lhes o pão que o diabo nem quis amassar: é como rocha
é pedra no caminho a transtornar o pós-almoço - quando há o almoço.
A que te parece tamanha insatisfação daquele sujeito?
Estranha angústia a lhe usurpar o sorriso.
Pois, vem, rapidamente, o senhor fim de tarde, sádico em seus poemas.
Engana-lhe; sorrirás - o mundo é mesmo tão belo!
Contudo, sairás feliz, serelepe de sua condição de escravo, servo do acaso,
impotente nas mãos dos insolentes e obscuros templários,
e cairás, cairás, cairás - até que nem chão lhe reste.
Vem, então, a dona noite, ceifando-lhe esse estado de cantoria.
O sono a tomar as entranhas, as palavras desaparecendo (não mais escreverás),
e a insônia, pois sim, vítima do cansaço e da insônia e
não dormirás.
Estranha condição a lhe usurpar a vida.
Estranha, bem estranha.
Outro dia que vem - cairás, cairás, cairás.
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