A altivez é própria; a inveja, cópia
Vai-te verbo, Satanás,
atormentar outra poesia
Vê se me deixa em paz
a ti, sou péssima companhia
Pobreza: eis meu estado
Nua e crua condição humana
Um único pão por semana
Não se vive de pão passado
Vou-te verso, meu demônio
me esclareça em sonho
o que o sono escurece
e acordado, se esquece
Vem-tu, em pecado,
doce e deformado
no sofrimento aprazível
desse ser, insensível.
Vai-me-em-verbo, Satanás.
Nem de Deus nem de tu
serei capataz.
Numquam suade mihi vana:
sou-me escuridão
sou-me luz, quando assim
(eu) queira.
E, ainda que sem eira nem beira,
serei-me início e fim
certeza e contradição.
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