Obséquio é a puta que pariu (versos afinados e afiados)
De tantas palavras, deixam a poesia escassa
por obséquio é a puta que pariu;
poesia é ocupar casa abandonada e praça
pois, convenhamos, há de se preencher o que anda vazio
Vago, todo nosso preconceito social
família tradicional brasileira é vizinha no quintal
ajudando a criar o filho do homi que sumiu
pelo cercado dos fundos: ninguém viu
bolsa família tá aí: alvo de murmúrios e protestos
migalha jogada aos pobres, resto de outros restos:
enquanto o rico, esnobe, tem auxílio moradia
tem mansão, tem vale-terno e disso ninguém pia
pois sim, índio tem que ter suas terras
tem demais o fazendeiro e senhor feudal
homem branco quer fazer paz com novas guerras
quer recitar metralhadora no sarau
aborto
nem escrevo
já olha torto
aborto, sim, é questão de saúde pública
burguesia aborta onde entende
pobre, todo mundo repreende
cada mulher decide sobre seu corpo
e isso não há quem me tire: é lei única.
Gente que agride mulher, que defende a ditadura
a sanidade já perdeu, vive nas barbas da loucura
De tantas palavras, deixam a poesia escassa:
não adianta deixar sujo o cu e limpar a calça.
Essa poesia, por exemplo
não se inscreve na política:
papinho moralista é lá no templo
onde pastores e padres apoiam o Velho Testamento
(aqui atesto, que esperar desses? Meu lamento)
só a discussão pública é que fica
De tantas palavras, deixam a poesia escassa
é querer sanar dor com mais desgraça.
Espero, um dia, Waldens, sociedades planejadas
onde a luta seja por pessoas amadas, não armadas.
Boulos 50?
ResponderExcluirNão somente. Os versos cumprem mais é função social. Mas Boulos é sim meu candidato.
ExcluirDesconfiei desde o princípio. Apesar de eu estar no outro extremo, lhe convidaria se tivesse interesse em entrar para a equipe, e postar seus poemas e desabafos também lá. Apesar de ideias extremas opostas, acredito que é uma das melhores formas de se combater essa "guerra civil" no nosso país. Além, claro, de que temos o xadrez em comum.
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