Nem calçada me resta
Não, não sou dono de nada
propriedade é palavra habitada
por estranhos
nem calçada me resta
os carros tomaram para si
o local dos pés
o corpo
ainda não, mas o tempo
é que manda, apenas
mantenho-o longe de perigos
o assento no ônibus
nunca vi, é também de alheios,
assim como o carrinho de supermercado.
Nem calçada me resta
somente os quilômetros
e na sola do tênis deve ter
um pouquinho de paciência