O telejornal: o mesmo sempre, sempre o mesmo
Gozar dos desprazeres alheios
cuspir e xingar, na voz o ódio,
repugnar o miserável, lastimar
até nos intervalos comerciais
e encher o mundo de medo
medo hipócrita: lançam aos povos
o pavor do convívio comum.
Pois tudo é tão perigoso. Tome
cuidado; não confie em ninguém.
O açoite do sujeito social
eis aqui a função do telejornal.
Fronteiras intransponíveis se erguem
entre nossas retinas e bocas
cisco no olho alheio é cócegas.
Eis a reinvenção dos contos:
enaltecer a tragédia cotidiana
lembrar ao humano sua finitude
enquanto ser miserável
quanto mais miserável for o dinheiro
no bolso.
A morte está para os pobres e parentes
como o café está para o vício.
Comentários
Postar um comentário