O escritor é falso



Não há muito o que escrever
e pouco já foi dito
escrever para qual fim?

Mentiroso o poeta
que diz que sua escrita
pode mudar algo.

Que muda apenas seu narcisismo.
Que muda apenas seu próprio mundinho.

E o prêmio de literatura vai para aquele
que nada fez. Pois para ser escritor,
não se pode ser nada além de mãos,
e unhas, e canetas, e dedos, e máquina de datilografia,
e, sendo mais moderno, nada além do espaço em branco
na tela do computador.

É o que todo escritor é.
O espaço em branco.
O súdito que finge ser rei
só por usar risquinhos.



Mas seguimos escrevendo.

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