"Conciliação" pragmatista entre eus (VI)

 
 


 
Nem cem anos de solidão nem qualquer literatura fantástica
poderiam silenciar minha lastimável e dura escrita,
pois que mais vulgar, tosca e sórdida que seja, é pela lunática
mania de me evitar que ela se exercita,

Não há eu que não seja em versos contraditórios
ou outrem que nos meus versos não exista
ainda que os sentimentos transpareçam moratórios
e a descrição dos meus estados se faça esquisita,
 
E não há na Metafísica de Diderot e d'Alembert
definições desse estado de espírito; ou há.
E sou eu, novamente e sempre, que ignoro
Que do meu olho sairá lágrima enquanto choro
 
E que sou eu meu próprio demônio e meu próprio deus
Eu, somente eu, o causador de todos os problemas meus.

E os meus poemas são todos os meus mandamentos
Que ninguém deve seguir.
 
Pois não há religião que não o próprio corpo.
Pois não há céu que não a própria idealização de ser algo.
Pois não há inferno que não a linguagem.
Pois não há reencarnação que não o próprio amanhã.
 
E não há solução para quem escreve versos.
Menos ainda para quem os lê.




Comentários

Postagens mais visitadas