TEMPOESIA IV: Washburn
O grave som do contrabaixo (tudo muito grave!)
atinge meus ouvidos
em ondas que já foram distorcidas pelo tempo.
Léguas do meu dedo para meu sentir, léguas
para que eu entenda a razão de uma nota tocada
para que eu perceba o erro na partitura da noite
para que eu descubra a matemática maldita do som
e do tempo, e do som através do tempo. Penso:
"A composição da nota é o tempo entre a reflexão e o ruído"
"A composição dos versos é o tempo entre a saciedade e a privação"
"A composição do tempo? Intervalos de eternos segundos de silêncio com breves séculos de tagarelice"
"A composição do que ainda não escrevi? Um ontem não vivido e um amanhã inexistente"
Todas as frases são de efeito
frases de efeito do álcool
frases de efeito, mas que são belas, penso
frases de efeito que me embriagam
frases de efeito do tempo
e, se há poesia, há tempo
e quanto tempo há?
E quanto tempo houve?
Ouve um tempo, sem h,
volto ao tempo musical do meu baixo, washburn(out?).
Desafinado, eu.
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