#Poesia: Acidentado céu

 
Céu de Ribeirão Preto em um dia qualquer
 
 
Ó céu acinzentado! Não sentes culpa?
A senhorinha acaba de limpar o quintal
E tu vens com sua queimada sempre acidental!
Ó céu alaranjado! O tempo que usurpas
Devolverás em forma de chuva no dia seguinte
Ou a secura do ar será teu eterno requinte?
 
Ó céu! Ó céus! As cores todas são poeiras
E a prateleira dos livros é tão somente pó!
A ironia constrangida: do pó nascemos
E, após aos pós voltaremos!
E, no durante, pó haverá! Os livros novos
Se camuflam envelhecidos
Minha coletânea de Jorge Luís Borges
Parece ter sido escrita antes do autor existir.
 
Ó céu! Ó céu avermelhado! Tendes piedade!
Ocultar a Lua aos meus olhos, é maldade!
Não há estrelas, não há desejos, não há nada.
E amanhã o céu trará a água (no conto de fada).
 


Comentários

Postagens mais visitadas