Chacarera das Tardes Pálidas (ainda farei o arranjo musical)
E amanhã? Estarás? Fugirás?
em que Roma, em que canto?
Amanhã, lembrarás? Deixarás
que se vá o nosso encanto?
permitirás a rouquidão do rouxinol
enquanto a Lua encobre o sol
e deixemos tudo para amanhã
pois não temos um hoje, um agora
frutos maduros tendem a apodrecer
o tempo não retira das pedras
rosas, flores, o que nunca há
E amanhã? As marcas somem?
Estarás? Fugirás? As notas melancólicas
que escuto nas manhãs de Esteban Tavares
estão em mim, estão em ti, em todos os lugares
nas dores que emito no contrabaixo
nas melodias coadas que o café emite
nas tardes pálidas (que são muitas).
E amanhã? Qual amanhã digo?
E amanhã, qualquer que seja, sigo.
Sabendo que toda madrugada terás uma poesia
Não lida, tosca, vulgar, ordinária
como os ponteiros de um relógio que não uso.
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