Meu recado de Ano Novo

 
Você vai vestir que roupa no ano novo? Talvez branco? Talvez amarelo? Talvez vai usar o vermelhão que estava guardado. Importa? Olha, importa. Para você importa. Ainda que use a primeira roupa que veja, importa. Vais pensar: "hm, então você é a predestinada". E vestirá sua roupa. Talvez acredite em superstições ou tenha suas crenças. Seu mapa astral está em dia? E se vestir amarelo e o ano que vem for um desastre? Lembrarás da cor que foi vestida no primeiro dia do ano? Ou somente lembrarás se a sorte te benzer?

Você vai vestir que roupa no ano novo? Qual a cor dela? Péssima ideia. Vai chover e fará frio. É curta. Não, não, não. Não é pra tanto! Não nevará também. Apenas vista aquela roupa. Sim, aquela roupa. Aquela mesmo! Se dê ao luxo pelo menos por hoje. Todos estarão lá. Ninguém? Poxa. E os espíritos? O senhor é espírita, eu sei. Estarão todos lá. E verão vossa beleza. A beleza que os vivos desprezaram. Não és espírita? Talvez cristão? Certamente. Então vista a mais bela roupa do teu cabideiro ou do teu guarda-roupa. Aquela mesma. Sem dúvida, que exuberante! Os parentes ficarão encantados. Dirão "tu que não te importas com vestimentas, quão belo estás! Que divino". Não dirão? Não estarão lá? Pois bem, o baile da solidão também merece um belo traje.

Você vai vestir que roupa no ano novo? Vista-se para ser visto. Abandone a vela do desprezo ao cerimonioso. Apenas um dia. Vamos! Gaste teu tempo como um ser humano normal que se prepara para escolher a roupa do ano que começa. Faça de si um mero vaso de rituais. Somente por um dia. Se orne do melhor modo que puder.

E beba! E coma! E goze! E beba! Beba, meu senhor. Beba, minha senhora. Cavalheiros e damas, bebam! Gozem! Gozem! O ano termina. Sabemos que nada muda, mas por uma noite nos permitimos acreditar em todas as deleitosas promessas falsas desse mundo sem sentido. Bebemos! Comemos! Gozemos! Ria, ria, ria! E se vista com o teu melhor traje, a noite é tua. A Lua estará lá. Beba!

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