3 Tempos de Leitura #04: Sidman e suas implicações
Nos 3 tempos de leitura de hoje, deixarei alguns trechos do livro "Coerção e suas implicações", do magnífico Murray Sidman que nos deixou em 2019, após 96 anos de uma vida prodigiosa e encantadora. Na minha opinião, Sidman está no mesmo patamar de B.F. Skinner, em termos de pesquisa científica, inovação e desenvolvimento intelectual. Ambos, Analistas do Comportamento, tornando a Psicologia um fazer científico, sem perder a elegância nos versos.
Esse é um livro que tenho relido trechos após ter lido duas vezes continuamente e, aqui vão alguns, simples e inesgotáveis:
"Meramente escondemos esta verdade sobre nós mesmos, quando tentamos justificar prisões e pena capital afirmando que elas reformam os criminosos e mantêm outros no caminho certo. Crimes capitais continuam a despeito da pena de morte e, prisões produzem mais crime que previnem" (pg. 242).
"Continuamos a justificar contra-violência como um método de correção e reeducação, a despeito de todas as evidências de que estes objetivos desejáveis continuam não atingidos" (pg. 242 ainda).
"De fato, a fuga é inevitável. Alguns alunos simplesmente se desligam. Eles e seus professores estabelecem um pacto implícito: desde que eles "se comportem", o professor deixará que eles se percam em seus próprios sonhos. Mas se a coerção aumenta, desligar-se torna-se impossível. Então, a desistência começa, iniciando-se com andar devagar e se atrasar, mudando para doenças fictícias, daí para cabular aulas e, finalmente, para raramente - ou nunca - aparecer (na escola). O custo de encontrá-los e trazê-los de volta torna-se exorbitante, assim a comunidade os ignora até que, na idade legal, eles obtêm a libertação da servidão" (pg. 119).
"A aceitação da coerção é tão difundida que alguns acharão difícil acreditar que efetivamente poderiam influenciar os outros por meio de reforçamento positivo" (pg. 248).
"Sempre que outros deixam de fazer o que poderíamos esperar que fizessem, temos razão para suspeitar que a punição é a responsável" (pg. 171).
"Desde que não há riquezas, poder, recursos e sucesso suficiente para ser dividido, o ganho de uma pessoa significará a perda de outra" (pg. 234).
"Conflitos de interesses pessoais entre indivíduos também são tão inevitáveis que consideramos a competitividade como um traço a ser admirado. Nós a promovemos explicitamente por meio da competição institucional (...), concedemos privilégios especiais para aqueles que subiram ao topo em seus campos, frequentemente ignorando os meios que utilizaram para chegar aí" (pg. 234 e 235).
"O compartilhar não precisa depender de altruísmo. Interesse pessoal, iluminado pelas consequências de longo prazo da privação forçada, torna a distribuição geral de recursos e tecnologia eminentemente sensata" (pg. 235).
E continua na próxima semana.
Comentários
Postar um comentário