toda quimera
De mim, eu nada espero. Não sou o semáforo da tua avenida nem as palavras dos teus versos. Não controlo e não quero controlar os passos de ninguém. Nem os meus. De preferência, me estranharei no primeiro beco que aparecer, desnudarei os sentidos de cada manhã em minhas caminhadas sem destino, rumo ao acaso das músicas seguintes que tocam em meu ouvido. Pois sei que de mim, eu nada espero. E, talvez, alguém e mais alguém faça planos para o meu amanhã, reviva os mistérios do meu ontem; mas não sou eu que estou ou estarei lá. Eu não sei onde estou. Nem para onde vou. Nem se vou. Nem. De tal modo que, nas minhas pegadas, eu carregue outros pés que não existem no real. São invenções.
É isso. Todos nós somos invenções para o outro que nos cerca. Para o outro, quem eu seja, jamais saberei. E você, para mim, o que seria? Todos vocês são puras invenções. De mim nada esperem. Entre/tanto, se o meu eu que tu devaneias está no teu amanhã ou no teu ontem, vá em frente. Talvez você me encontre em um outro corpo. Talvez você me encontre com um outro corpo. Ou com um outro copo. Em alguma esquina em que eu não sou o semáforo. Em alguma esquina em que eu não sou.
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