TRAGÉDIA

 

Tragédia

 

É uma bela palavra para uma definição tão pesarosa. Soa bem. "Tragédia". Diga lentamente. "Tragédia". A Antiga Grécia tinha uma definição mais poética do termo.  Tragédia, por definição mesmo, sempre significou uma peça em verso. Era o local em que os deuses e heróis, prontos para o combate, destemidos em suas vidas, sentiam na pele o que há de mais humano e comum: a morte. Ou, pior ainda, a perpetuação da vida. Mas não de qualquer vida. A vida carregada de coerção e escravidão (te lembra seu ontem?). Deuses e heróis, tão ousados em suas artimanhas para vencer o perigo e o inimigo, acabavam amargurando nessa bela palavra: tragédia.
 
No senso popular, a palavra tomou ares de deboche. Ao menos que eu saiba, não conheço ninguém que use a palavra "tragédia" para noticiar ou revelar um sentimento verdadeiro. Ouvimos: "foi uma tragédia". Em nada nos altera o espírito. Mantemos nossos pensamentos na louça ainda não lavada. Ou então, quando alguém nos diz: "Deus me livre de tamanha tragédia". Primeiro que a pessoa, geralmente religiosa, coloca a responsabilidade da tragédia no próprio Deus maravilhoso dela. Segundo que, a pessoa não apresenta uma verdadeira preocupação com o ocorrido. É quase um deboche. Próximo ao escárnio inconsciente. A intenção do dito é quase que manifestar: "antes ela ter vivido tal tragédia do que eu". Um terceiro caso, é quando ouvimos em algum meio jornalístico o termo. Algo como: "era uma tragédia anunciada". A pessoa que diz isso, já passou do escárnio. Afirma, sem nenhum peso na consciência, que ela sabia que aquilo aconteceria. E deve dormir feliz de ter acertado em sua previsão.
 
Tragédia é uma bela palavra. Aristóteles e Nietzsche sabiam muito bem disto.



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