Escangalho do mentecapto
O tempo não volta. Nem as palavras.
O caminho, sempre o mesmo para alguns
sempre distinto para uns tantos.
A vida é uma estupidez
magnífica, simplória em sua complexidade.
Os contratempos, passatempos do perfeito instante
que pretérito se tornará em poucos momentos.
O tempo não volta. (Nem teu sorriso,
gigante teus lábios, gigante teus sonhos,
gigante tua infantilidade. A minha, maior).
O tempo não volta, ainda bem,
o jovem promissor, decrépito velho
no espelho logo se encontrará,
e ficaremos nós a reclamar de tudo?
A vida é uma estupidez
e mais estúpido é aquele
que não tira prazer de algo
que não exige nada dele próprio.
Faça o que bem quer,
mas faça por bem querer.
E te digo, caro leitor,
as ninfas bailam ao redor da árvore
os deuses bebem umas cervejas
o tempo está por brincar com novas rugas
as hienas tiram sarro do que miram.
E já que não possuímos obrigações
(além das que nós mesmos criamos)
e já que não existe essa de céu e inferno
(além dos que nós mesmos criamos)
e já que não nos ficará nada além da morte
à assoprar-nos os fios de cabelos, em momentos inesperados,
pois a vida, a vida é uma estupidez,
vamos rir, rir das desgraças, como hienas,
vamos beber, como os deuses, como deuses,
e tirar prazer, ainda que mínimo prazer,
do que veio e virá.
Isso sim. Isso nos fará melhores.
Ao lamento, a morte.
Aos seres que não se vangloriam por esse imenso nada
Aos seres que acordam de saco cheio, mas
que ficam de pé, lutando contra o próprio cansaço,
Aos seres que insistem e ainda assim são derrotados,
Aos seres que buscam antes o próprio prazer, e depois se possível o alheio,
Aos seres que amam, e que sabem odiar, perdoar e
engolir o próprio orgulho, ainda que imenso,
a esses, a vida,
nesses, há vida.
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