Erro metafísico?
Eu, me responsabilizar pelas palavras proferidas?
Que maldição seria! Que caos veríamos! Que lástima!
As palavras é que se responsabilizem, inclusive pelo meu silêncio
Não teço versos para que me joguem pedras (já bastam os versos)
Basta uma sombra, basta uma brecha de Sol, basta um eco
E eu abandono todas as minhas convicções na caçamba
E eu torno vulgar minha decência. Torno podre e tosco.
Basta uma dor, basta uma situação inquietante, basta um haicai
Tudo ao meu redor se torna (eu torno) decadência!
Eu, me perguntam, tenho consciência das vozes e dos loucos
Que habitam em meus encadeamentos de palavras?
Jamais. Me perturbam, me castigam, me assolam, me machucam.
Eu quero abandonar qualquer arte, qualquer ofício, qualquer, qualquer, qualquer.
Quero que meu corpo seja vítima do acaso, que meus cabelos fiquem duros de tanta poeira.
Não sou o que vocês desejam. Não quero ser. Serei, bem possivelmente.
Serei sempre, bem como todos vocês, puro arbítrio do desejo alheio.
Que não há dasein. Que não há mente. Nada de liberdade.
Há, puramente,
padrões comportamentais, instintos, máculas, selvageria, amor,
e comportamentos particulares, não externalizados (chamem de pensamento),
variáveis que se encerram na pele em que habito
e há o meu agora
e há o teu agora
talvez não mais
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