HAICAIS DO BARULHO DE DENTRO
o que se lê
é sempre mais
do que foi escrito
o barulho de dentro
dá sentido até
para o som do mosquito
tudo o que escrevo
alguém fora aumenta
alguém dentro diminui
já não me atrevo
a dizer que se ausenta
aquilo que nunca fui
a poesia escrita
é para o mundo
o que o mundo quiser
finge ser bonita
finge saber tudo
finge, enquanto puder
barulho é de dentro
antes era de fora
apenas devolvo
fingindo ser novo
o que escrevo agora
ser de Gaia, o centro
o que se lê
é sempre diferente
e o i nunca tem pingo
o que se escreve
é só um (de) repente
é o joio vencendo o trigo.
é apenas um haicai
um susto, um breve,
eterno e duradouro
acabar um dia vai
para alguém um dia serve
mesmo sendo desaforo
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