Sobre essa tristeza que tanto prezo
Vivo em uma tristeza que não é bem tristeza
não choro, não faço cara feia, não me revolto
é apenas uma tristeza que me persegue
não grito, não me incomodo, não me abate
é uma tristeza que ninguém percebe, que
não me impede de dizer que estou bem.
E estou bem, mesmo. Estou realmente bem.
Mas vivo em uma tristeza. Não muda.
Eu sorrio, me alegro, canto, componho, mas,
vivo em uma tristeza que não me abandona,
mesmo se estou dormindo, mesmo se estou
em êxtase, ou mesmo quando o mundo parece me agradar.
Não se preocupem, não estou me queixando,
mas que vivo em uma tristeza, isso, não tenho dúvidas.
Estou no mar, estou com essa tristeza. Estou em casa,
estou com essa tristeza. Estou com amigos, a tristeza.
Estou com saúde, paz e nada devo. Mas essa tristeza. Não passa.
Talvez ela esteja sempre ali, me encarando, me desafiando,
e essa tristeza talvez seja minha guardiã. Sim, guardiã.
Me lembrando que a vida é somente um rearranjo de partículas.
Fazendo com que eu controle o riso, a dor, o espinho, o gozo.
E também me impedindo de conhecer o abismo, por saber lidar com ela. Essa tristeza.
Que é só minha. De ninguém mais.
Eu disse, de ninguém mais.
👏🏾☹
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